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Sou aluna do curso de História da Universidade Estadual da Paraíba, sou educadora do ensino fundamental, tenho 21 anos e resido em Campina Grande à 18 anos desde que me mudei de minha terra natal a grande São Paulo e ainda criança vim para a Paraíba pela qual me considero filha desta terra e fascinada por sua belíssima história...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

A CHEGADA DO TREM À CAMPINA GRANDE - 1907

                                      Imagem da chegada do trem em 1907

O município de Campina Grande foi constituído a partir do aldeamento dos índios Ariús, trazidos como prisioneiros pelo capitão-mor dos sertões do Piranhas e Piancó, Theodósio de Oliveira Ledo, e em Cariris da região, por volta de 1697. Em 1790 passando a condição de vila, foi denominada Vila Nova da rainha, sendo efervescente no comércio e passou a condição de cidade em 11 de outubro de 1864, com o nome de Campina Grande.
A chegada do trem em 1907, por iniciativa do prefeito Cristiano Lauritzen, impulsionou o progresso de Campina Grande devido a estrada de ferro. O comércio despertou, transformando-a em ponto terminal de trens pela vinda dos tropeiros e boiadeiros e a produção de algodão de todo interior. O setor comercial de Campina Grande dinamizado veio a ter um grande crescimento, caracterizando-se como o maior centro algodoeiro, além de outras atividades.
Com a chegada da eletricidade em 1920, seu crescimento foi ainda mais rápido, e mais adiante com a inauguração do abastecimento da água em 1939. Estes acontecimentos tiveram grande importância para desenvolvimento de Campina que chegou a categoria da terceira praça algodoeira do mercado mundial e consequentemente a maior cidade do interior do norte/nordeste do país.
A ideia de implantar ferrovias na Paraíba vem desde o fascínio pelo trem do Recife. Joffily defendia uma ferrovia de cabedelo à Campina que acompanhasse o rio Paraíba, no entanto não deu certo, pois as ferrovias inglesas implementadas no Brasil não se interessarem pelo algodão.
Nem mesmo a capital teve esse privilégio, e o que se viu foi uma empresa inglesa, a The Conde D’EU Railway deficitária. Esta foi, portanto a primeira ferrovia a percorrer os canaviais paraibanos da capital para o interior em forma de Y, comum ramal para Guarabira e outro para Pilar. E assim permaneceu até quando foi adquirida de volta, pelo Governo republicano, nos primeiros anos do século XX e depois arrendado pela Great Western of Brazil Railway (GWBR).
Com a queda do império, o país tentou mudar sua política ferroviária, dentro de um clima tão instável que as ferrovias, mesmo as inglesas, começaram a dar baixos rendimentos, devido a política de câmbio. É na década de 1890, quando fica claro para o governo paraibano que a Conde D’EU não se interessava mais em levar seus trilhos serra acima e que pelo contrário era a GWBR que se interessava pelo algodão, que o capitalista Cristiano Lauritzen tentou atrair a estrada para Campina Grande.
No século XX se iniciava uma nova era e os meios de transporte das pessoas e de cargas ainda eram os lombos dos animais. Foi então que em 1903, Cristiano Lauritzen foi pela segunda vez falar com o então presidente Rodrigues Alves, através do General Almeida Barreto. A presidência apoiou sua ideia e incluiu no plano a GWBR a extensão Itabaiana – Campina Grande. Pelo decreto federam de nº 5237 de 26 d julho de 1904, foi ratificado o contrato do governo com a GWBR para a construção.
No que tange a economia, a cidade teve crescimento recorde, o número de casa passou de731 casas para 1.216 em 1913, crescendo numa média de 70 casas por ano. Isso se tornou um grande problema, pois a cidade não dispunha de água potável para todos. Daí onde surgiu a ideia do açude de Bodocongó, terminando em 1915, mais sendo sua água salobra foi deixado de lado.
Estas empresas se instalaram em torno da estação e do açude velho, notamos assim o grande salto econômico ocorrido na cidade de Campina Grande com o advento do trem. No início da década inaugurou-se a luz elétrica pela empresa J. Brito e cia.
Com o crescimento econômico da cidade, Campina passou a exportar para outros municípios os produtos produzidos aqui e antes de terminar a d´cada de 30 já contava com o mercado público central (1939) e o matadouro, primeiro na rua João Pessoa e depois levado para Bodocongó.
Mesmo assim ocorre no início do século XX um impacto, a primeira greve ferroviária, durando cerca de um mês como afirmara o jornal “ O Campina Grande”. Como um movimento patriótico de reinvindicação de direitos opera-se atualmente entre os honrados servidores da Great Western. Os patrícios querem aumento de seus ordenados e era o que a  cia os negava.
Atual imagem da estação ferroviária campinense transformada no Museu do algodão

No que tange a cultura, com a chegada do trem Campina viu chegar jornais, casas de cinema, cassino, teatro, rádio, bandas de música moderna, transformando a cidade com feições urbanísticas modernas. Também houve aquisição de trocas culturais advindas do Recife, como o frevo por exemplo. O trem levava os que iam estudar direito no Recife. Na educação inclusive, o trem trouxe as freiras da Congregação das Damas em 1931. Pelo trem circulavam os intelectuais e que tiveram imensa contribuição na formação dos educadores de Campina Grande.
O trem só se desenvolveu Campina Grande porque foi parada de seu terminal durante 50 anos. Portanto é ao fenômeno conhecido como cidade ponta de trilhos que se deve o crescimento econômico e urbano de Campina. Apesar de tudo esta modernidade era limitada pois atendia apenas as elites algodoeiras e só beneficiava a população com alguns empregos, alargamento urbano e melhorias públicas. O clima político era coronelístico, a violência popular era representada pelos cangaceiros que entravam em colisão com os coronéis.
O trem não trouxe o abastecimento de água para a cidade, nem um bom serviço de iluminação as ruas ainda eram descalços. O caminhão desde 1920 veio tirar o predomínio do trem. O fim da guerra, o nacionalismo e o desenvolvimento mudaram os planos dos campinenses que não dependiam mais do trem. Desde a década anterior linhas de aviação começaram a fazer figura na alta sociedade e no final de 1940, a ligação com a capital começou a ocorrer pela rodovia.
Por: Karina Amâncio

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
      Memórias da modernidade campinense: 100 anos do trem – Maria Fumaça/ Maria José Silva Oliveira e José Edmilson Rodrigues (orgs). – Campina Grande: Editora Agenda, 2007.
      MELO, Josemir Camilo de. Ferrovias inglesas e mobilidade social no nordeste/ Josemir Camilo de Melo.- Campina Grande: EDUFCG, 2007. 233p.
      PORTO, Francisco Evangelista. O mapa da cidade: o papel das  políticas públicas e suas relações com crescimento urbano da cidade de Campina Grande - PB. / Francisco Evangelista Porto – Campina Grande – UEPB,2007.
  ARANHA, Gervácio Batista. Trem e imaginário na Paraíba e região: tramas plítico-econômicos. (1880 - 1925)/Gervácio Batista Aranha. Campina Grande: EDUFCG,2006. (Coleção outras histórias nº2)
IMAGENS

      estacoesferroviarias.com.br
      Google imagens.









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