O
município de Campina Grande foi constituído a partir do aldeamento dos índios
Ariús, trazidos como prisioneiros pelo capitão-mor dos sertões do Piranhas e
Piancó, Theodósio de Oliveira Ledo, e em Cariris da região, por volta de 1697. Em
1790 passando a condição de vila, foi denominada Vila Nova da rainha, sendo efervescente
no comércio e passou a condição de cidade em 11 de outubro de 1864, com o nome
de Campina Grande.
A
chegada do trem em 1907, por iniciativa do prefeito Cristiano Lauritzen,
impulsionou o progresso de Campina Grande devido a estrada de ferro. O comércio
despertou, transformando-a em ponto terminal de trens pela vinda dos tropeiros
e boiadeiros e a produção de algodão de todo interior. O setor comercial de
Campina Grande dinamizado veio a ter um grande crescimento, caracterizando-se
como o maior centro algodoeiro, além de outras atividades.
Com
a chegada da eletricidade em 1920, seu crescimento foi ainda mais rápido, e
mais adiante com a inauguração do abastecimento da água em 1939. Estes
acontecimentos tiveram grande importância para desenvolvimento de Campina que
chegou a categoria da terceira praça algodoeira do mercado mundial e
consequentemente a maior cidade do interior do norte/nordeste do país.
A
ideia de implantar ferrovias na Paraíba vem desde o fascínio pelo trem do
Recife. Joffily defendia uma ferrovia de cabedelo à Campina que acompanhasse o
rio Paraíba, no entanto não deu certo, pois as ferrovias inglesas implementadas
no Brasil não se interessarem pelo algodão.
Nem
mesmo a capital teve esse privilégio, e o que se viu foi uma empresa inglesa, a
The Conde D’EU Railway deficitária. Esta foi, portanto a primeira ferrovia a
percorrer os canaviais paraibanos da capital para o interior em forma de Y,
comum ramal para Guarabira e outro para Pilar. E assim permaneceu até quando
foi adquirida de volta, pelo Governo republicano, nos primeiros anos do século
XX e depois arrendado pela Great Western of Brazil Railway (GWBR).
Com
a queda do império, o país tentou mudar sua política ferroviária, dentro de um
clima tão instável que as ferrovias, mesmo as inglesas, começaram a dar baixos
rendimentos, devido a política de câmbio. É na década de 1890, quando fica
claro para o governo paraibano que a Conde D’EU não se interessava mais em
levar seus trilhos serra acima e que pelo contrário era a GWBR que se
interessava pelo algodão, que o capitalista Cristiano Lauritzen tentou atrair a
estrada para Campina Grande.
No
século XX se iniciava uma nova era e os meios de transporte das pessoas e de
cargas ainda eram os lombos dos animais. Foi então que em 1903, Cristiano
Lauritzen foi pela segunda vez falar com o então presidente Rodrigues Alves,
através do General Almeida Barreto. A presidência apoiou sua ideia e incluiu no
plano a GWBR a extensão Itabaiana – Campina Grande. Pelo decreto federam de nº
5237 de 26 d julho de 1904, foi ratificado o contrato do governo com a GWBR
para a construção.
No
que tange a economia, a cidade teve crescimento recorde, o número de casa
passou de731 casas para 1.216 em 1913, crescendo numa média de 70 casas por
ano. Isso se tornou um grande problema, pois a cidade não dispunha de água
potável para todos. Daí onde surgiu a ideia do açude de Bodocongó, terminando
em 1915, mais sendo sua água salobra foi deixado de lado.
Estas
empresas se instalaram em torno da estação e do açude velho, notamos assim o
grande salto econômico ocorrido na cidade de Campina Grande com o advento do
trem. No início da década inaugurou-se a luz elétrica pela empresa J. Brito e
cia.
Com
o crescimento econômico da cidade, Campina passou a exportar para outros
municípios os produtos produzidos aqui e antes de terminar a d´cada de 30 já
contava com o mercado público central (1939) e o matadouro, primeiro na rua
João Pessoa e depois levado para Bodocongó.
Mesmo
assim ocorre no início do século XX um impacto, a primeira greve ferroviária,
durando cerca de um mês como afirmara o jornal “ O Campina Grande”. Como um
movimento patriótico de reinvindicação de direitos opera-se atualmente entre os
honrados servidores da Great Western. Os patrícios querem aumento de seus
ordenados e era o que a cia os negava.
Atual imagem da estação ferroviária campinense transformada no Museu do algodão
Atual imagem da estação ferroviária campinense transformada no Museu do algodão
No
que tange a cultura, com a chegada do trem Campina viu chegar jornais, casas de
cinema, cassino, teatro, rádio, bandas de música moderna, transformando a
cidade com feições urbanísticas modernas. Também houve aquisição de trocas
culturais advindas do Recife, como o frevo por exemplo. O trem levava os que
iam estudar direito no Recife. Na educação inclusive, o trem trouxe as freiras
da Congregação das Damas em 1931. Pelo trem circulavam os intelectuais e que
tiveram imensa contribuição na formação dos educadores de Campina Grande.
O trem só
se desenvolveu Campina Grande porque foi parada de seu terminal durante 50
anos. Portanto é ao fenômeno conhecido como cidade ponta de trilhos que se deve
o crescimento econômico e urbano de Campina. Apesar de
tudo esta modernidade era limitada pois atendia apenas as elites algodoeiras e
só beneficiava a população com alguns empregos, alargamento urbano e melhorias
públicas. O clima político era coronelístico, a violência popular era
representada pelos cangaceiros que entravam em colisão com os coronéis.
O trem
não trouxe o abastecimento de água para a cidade, nem um bom serviço de
iluminação as ruas ainda eram descalços. O caminhão desde 1920 veio tirar o
predomínio do trem. O fim da guerra, o nacionalismo e o desenvolvimento mudaram
os planos dos campinenses que não dependiam mais do trem. Desde a década
anterior linhas de aviação começaram a fazer figura na alta sociedade e no
final de 1940, a ligação com a capital começou a ocorrer pela rodovia.
Por: Karina Amâncio
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• Memórias
da modernidade campinense: 100 anos do trem – Maria Fumaça/ Maria José Silva
Oliveira e José Edmilson Rodrigues (orgs). – Campina Grande: Editora Agenda, 2007.
• MELO,
Josemir Camilo de. Ferrovias inglesas e
mobilidade social no nordeste/ Josemir Camilo de Melo.- Campina Grande:
EDUFCG, 2007. 233p.
• PORTO,
Francisco Evangelista. O mapa da cidade:
o papel das políticas públicas e suas
relações com crescimento urbano da cidade de Campina Grande - PB. /
Francisco Evangelista Porto – Campina Grande – UEPB,2007.
• ARANHA,
Gervácio Batista. Trem e imaginário na
Paraíba e região: tramas plítico-econômicos. (1880 - 1925)/Gervácio Batista
Aranha. Campina Grande: EDUFCG,2006. (Coleção outras histórias nº2)
IMAGENS
• estacoesferroviarias.com.br
• Google
imagens.
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